Rafael Moreira[ refere uma verba de pagamento a Jorge Afonso em 5 de Novembro de 1513 respeitante a "oito arrates de óleo e vermelhã e de zarcão para as grades da obra" registada no Livro da Despesa das Obras do Convento de Tomar. Deste e de outros pagamentos a outros artífices deduziu R. Moreira que Jorge Afonso levara para Tomar uma equipa de mesteirais.
Redol e Outros consideram que se Jorge Afonso fosse o responsável geral da obra os pagamentos pela Coroa deveriam ter sido feitos a ele (que a seguir pagaria aos outros artífices), mas consideram que tal não invalida que o referido Jorge Afonso fosse o pintor régio cuja presença em Tomar está documentada em 1512.:16
A partir de 1530 Frei António de Lisboa é encarregado por D. João III da reforma da Ordem de Cristo, e no âmbito das suas atribuições decide proceder à reforma da Charola e do Convento tendo chamado mestres estrangeiros, nomeadamente Reimão d´Arras e Francisco Lorete que trabalharam no restauro dos quadros grandes da Charola, no qual participou também Fernão Roiz, pintor privativo do Convento. :20
Os quadros da Charola foram novamente repintados entre 1573-75 por Fernando Roiz para "acordar as cores novas das velhas, em todos os painéis que hão mister ... e desassentar muitas vezes os painéis e os tornar a pôr e pintar de novo algumas figuras que estavam apagadas", conforme confirmou o pintor Simão de Abreu avaliador desta tarefa. Simão de Abreu trabalhou mais tarde com Domingos Vieira, entre 1592-95, numa nova campanha de repintura.
Em meados do século XVIII, o Convento de Cristo estava bastante arruinado, tendo D. Maria I decidido a realização de obras de restauro da estrutura incluindo retoques das pinturas, com a recomendação de nada se alterar.
Em 1836, após a extinção das ordens religiosas, a pintura do Convento de Cristo foi integrada na Academia de Belas Artes onde eram péssimas as condições de conservação. Em relatório de 1869 aponta-se a completa ruína dos mais preciosos exemplares das escolas estrangeiras e portuguesa e a falta de conservação adequada e de higiene da maioria dos quadros, tendo o Estado em 1879 arrendado o Palácio das Janelas Verdes para nele instalar o Museu Nacional de Arte Antiga e as pinturas antigas mais valiosas.:
O Conde de Tomar, proprietário então de boa parte do Convento de Cristo, e a Câmara Municipal da então vila diligenciaram para o regresso das pinturas ao Convento, o que não ocorreu logo porque D. Maria II havia decidido o seu restauro que decorreu entre 1852-1855 e mais tarde entre 1861-67.
1940 foi o ano da exposição "Os Primitivos Portugueses", integrada nas comemorações do oitavo centenário do estado e da nação portugueses, onde tiveram expostos Ressurreição de Lázaro, Jesus e o Centurião e Entrada de Jesus em Jerusalém. É um ano marcante para a história e para o conhecimento da pintura portuguesa antiga dado que a exposição e o seu catálogo elaborado com a direcção de Reynaldo dos Santos gerou a consciência do valor desse património tanto na comparação com a pintura europeia sua contemporânea como pelas relações que com esta manteve e pela especificidade que demonstrava.
Podendo considerar-se como corolário da exposição de 1940, o historiador Myron Malkiel-Jirmounsky (1890-1974) publica em 1941 Problèmes des Primitifs Portugais em que referindo que os pintores em Portugal pintam em parceria contrariando a expressão artística individual emergente, avança sobre as influências estrangeiras referindo que "sobre um fundo tratado à italiana, aparecem os rochedos que fazem pensar na escola de Colmar e as figuras cujas cabeças atestam o sfumato lombardo".
Ainda sobre os quadros grandes da Charola, Malkiel-Jirmounsky, em Vers une méthode dans les études des "primitifs portugais" de 1942, refere que "são de um estilo, ou antes, de estilos completamente diferentes".
A crítica destas obras foi continuada por Luís Reis Santos e por George Kubler e Martin Soria que mantendo a abertura para a possibilidade de participação de mais de um pintor no conjunto, ou até mesmo em quadros individuais, vão mais longe a atribuem a Jorge Afonso, ou ao "presumível Jorge Afonso" como refere Reis Santos em 1966.
Estes autores procedem também a uma ligação entre a série de Tomar e o Políptico do Convento da Madre de Deus e o de Setúbal, com base numa caracterização mais lacta por parte de Reis Santos e mais desenvolvida por Kubler e Soria.
Kubler e Soria comparando as pinturas de Tomar e as da Madre de Deus, referem que as seis pinturas de Tomar, impressionantes pela sua monumentalidade, foram criadas à volta de 1510, porque um dos quadros da série da Madre de Deus tem a data de 1515, e sendo o autor de ambas as séries o mesmo, pois as semelhanças entre elas são esmagadoras, a da Madre de Deus é posterior.:
Numa visão estruturalista actualizada, Kubler e Soria acabam por esquecer a datação tradicional dos quadros de Tomar obtida indirectamente a partir das datas documentadas do programa escultórico e de talha.:
Para Redol e Outros, em 1991 verifica-se um novo contributo importante para a crítica das pinturas grandes de Tomar com a dissertação de José C. C. Teixeira. Nesta obra ainda não publicada, Cruz Teixeira faz uma análise aprofundada das obras de pintura portuguesa dos séculos XV e XVI com uma metodologia de raiz estruturalista.:
![Foto (35).jpg Foto (35).jpg]()